terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sobre o pessimismo




Pensar positivo é de fato algo muito complicado. Não é à toa que existem nas livrarias tantas opções de livros de auto-ajuda que te ajudam a, basicamente, ver a vida de forma positiva o suficiente a ponto de ser possível abrir os olhos de manhã e pensar: eu vou acordar e levantar pois foi isso que fulaninho naquela história sobre o monge fez para ter muito sucesso. E então, como um espelho torno das histórias alheias, é possível ver que com um pouquinho de água e muita, muita boa vontade, sua grama pode ser também bem verde.

E então, teoricamente é só pensar positivo. Ver o copo meio cheio e não meio vazio. Ser um Joseph Klimber com nossas desgraças particulares. Pensar: poderia ser pior. Perder um braço - ou dois - é bem sério, mas será que pensar que a desgraça alheia é mais pesada faz a minha parecer mais leve? Ou será que adiciona um pouco de peso a mais, como se carregassemos agora não só o piano mas também o pianista?

São pensamentos e eles surgem como pop-ups do Internet Explorer e se misturam com as milhares de frases de motivação que ouvimos todos os dias. E se misturam com as posturas que temos que tomar, com as milhares de pessoas que temos que ser e na indagação corrente: como diabos pode caber tantas caras em uma só face, tantos sentimentos em um só peito?

Pensar positivo é estranho e não natural. Mas é necessário. É como usar roupas. Inatural, mas necessário. E eu venho me esforçando muito nesses últimos dias para não ver na possibilidade da queda o desastre. Mas é difícil. As pessoas são pessimistas, o mundo é pessimista, até o sutiã que a gente usa pros peitos não despencarem é pessimista em relação a gravidade. A história é tomar logo o copo - meio cheio, ou meio vazio - de uma vez por todas e vê no que dá, sem esperar pelas coisas boas ou ruins, e sim só pelo que virá.