segunda-feira, 15 de março de 2010

Adeus, Ch.









Um ciclo, uma época, um pedaço de vida. Encerra-se hoje o elemento modificador de meus caminhos e escolhas. Observo como quem quer guardar até os cheiros. Os alunos deixam a sala. Primeiro muitos, depois poucos e o último sai sem olhar para trás. Não olha pois não precisa recordar. Aquela sala é sua rotina, é motivo incômodo para acordar cedo, é para onde se precisa ir, deixando cantina e boas conversas para o fim da aula.

Eu fico.

Eu fico por não mais ficar.

Fico para estar alguns segundos a mais, mais um segundo além dos sete anos ali vividos. Fico e observo as cadeiras brancas bagunçadas, a sala suja, a lousa manchada. E lembro que ali já fui aluna e professora. Este prédio antigo e constantemente pintado de cores estranhas viu-me rir e chorar, acompanhou os acontecimentos mais importantes da minha vida, foi meu lar quando morava longe e quando morava perto.

Tudo girava em torno dele.

Por sete anos meus dias inevitavelmente começaram e/ ou terminavam em um lugar que a cada dia tinha mais faces desconhecidas. Passei de Paula para Jamie, de aspirante a jornalista para professora, de professora para tradutora, quase fui produtora de eventos, de solteira para comprometida, de comprometida para casada, de moradora da Maraponga para moradora do Centro e agora do Benfica.

Pretendo voltar, mas por outros meios. Volto como professora se a vida não desviar os acontecimentos pra um outro fluxo. O que era rotina, agora são lembranças. Guardo um pedaço do CH comigo e sigo em busca de um novo porto.